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Fukushima : Fotos assustadoras tiradas 5 anos após o desastre

Imagino que todos aqui devem se lembrar do acidente envolvendo a usina nuclear de Fukushima em 2011; O tsunami resultou na morte de 1599 pessoas, e muitos daqueles que conseguiram escapar das águas acabaram se tornando vítimas da radiação. Este desastre nuclear é tido como o segundo pior do mundo, perdendo apenas para Chernobil (1986)

Embora o governo tenha feito o possível para dar apoio e fazer com que a vida das pessoas afetadas voltasse ao normal algumas cidades até hoje não podem ser habitadas pelos altos níveis de radiação que ainda permanecem por lá

Com isso algumas cidades foram totalmente evacuadas e até hoje permanecem vazias, paradas no tempo há 5 anos

O fotografo malaio Keow Wee Loong resolveu explorar quatro cidades : Tomioka, Okuma, Namie e Futaba ;O resultado embora amargo é inegavelmente impressionante

Deixo aqui algumas fotos :

Até hoje existem policiais atuando perto destas áreas, monitorando para evitar que pessoas entrem nestas áreas. Mais de 150000 cidadãos na época tiveram que evacuar a área, transformando estas cidades em desertos de concreto onde o silêncio absoluto toma conta

Produtos de limpeza, alimentos e revistas de 5 anos atrás são vistos em muitos estabelecimentos, o que dá um ar bem macabro ás cidedes

Roupas e outros objetos de valor foram deixados para trás, como pode ser visto nestas fotos tiradas dentro de uma lavanderia; Com isso podemos imaginar o desespero que estas pessoas sentiram

Os habitantes foram obrigados a evacuar o mais rápido possível, deixando todos seus pertences para trás

Outra sessão de fotos que também surpreendeu muitas pessoas foi a de Carlos Ayesta e Guillaume Bression, que fotografaram ex-habitantes da cidade em lugares que foram um dia importantes para eles, como locais de trabalho ou escolas. De acordo com os fotógrafos não foi fácil convencer os habitantes á fazerem parte do projeto, mas aqueles que aceitaram se comprometeram totalmente e se abriram sobre suas vidas, de forma que cada foto tem uma história por trás

Ao voltar para sua cidade natal muitos choraram ao ver suas casas destruídas, com o chão sujo e paredes rachadas

Foram necessários 4 anos para todas as fotos serem tiradas e o resultado certamente é emocionante tanto para os participantes quanto para nós espectadores

As fotos podem ser encontradas aqui, mas como nem todos falam inglês tomei a liberdade de selecionar algumas e traduzir as legendas uma vez que estas são extremamente necessárias para que o trabalho destes fotógrafos seja admirado da maneira que merece ser, por isso aconselho que você leia atentamente

Midori Ito está em um super-mercado abandonado em Namie. Aqui, nada mudou desde o desastre. Em um dos painéis você pode até ler as palavras "Produtos frescos" em japonês. Após o desastre Midori se mudou para Minami Aizu por causa dos riscos á saúde associados com a radioatividade. Ela finalmente retornou para viver com seus filhos na cidade de Koriyama, situada 60km da usina

Katsuyuki Yashima está sentado em sua oficina. Na época em que o desastre aconteceu ele e sua esposa tinham 15 empregados. Sua empresa não irá reabrir e ele não pensa em voltar a viver em Namie mesmo quando a cidade se tornar habitável novamente. "Eu não voltarei pois não posso reabrir meu negócio; Em 10 anos Namie será uma cidade fantasma. De acordo com pesquisas apenas 20% dos antigos habitantes gostariam de voltar. Com o passar dos anos as pessoas irão reconstruir suas vidas em outros lugares e no final ninguém retornará"

Setsuro Ito é veterinário. Ele toma conta de animais, especialmente de vacas que ainda vivem nas zonas proibidas. Ele deixou o Japão para viver no Brasil quando tinha 30 anos, mas depois da tragédia decidiu retornar ao seu país para ajudar os fazendeiros das áreas de exclusão que optaram por não sacrificar seu gado. Ele agora vive em Fukushima

Kanoko Sato está no ginásio de uma escola no distrito de Ukedo, que foi destruído pelo tsunami e abandonado desde então. "Se não fosse por este projeto eu jamais poderia ver esta zona proibida com meus próprios olhos. Embora eu viva em Koriyama e esta seja perto o bastante, eu não sabia o quão afetado este lugar estava até o dia de hoje"

Rieko Matsumoto está em uma lavanderia em Namie. Ela é nutricionista e consultora. "No dia do terremoto eu estava trabalhando com uma cliente filipina pela primeira vez. Eu estava pronta para começar a medir seu corpo, e ela estava tirando suas roupas quando o chão começou a tremer. Ela havia falado em japonês comigo até aquele momento, mas após o impacto ela começou a gritar em inglês"

Naoto Matsumura é um habitante da cidade de Tomioka. Empregado de uma empresa de construções antes do acidente hoje ele finalmente resolveu retornar á zona de exclusão para tomar conta dos animais abandonados após o desastre. Ele é um dos poucos cidadãos que se recusa a seguir a ordem de evacuação estabelecida pelo governo. Aqui, ele aparece em um estábulo onde centenas de vacas morreram após o acidente. Hoje ele toma conta dos animais ainda vivos graças á doações de terceiros

Shigeko Watanabe possuía uma gráfica no centro da cidade de Namie; Ela nunca reabrirá seu negócio "Eu pessoalmente penso que a descontaminação é algo sem sentido porque de qualquer forma ninguém irá retornar. Apenas os homens dizem que voltarão, mas nós mulheres somos mais fortes do que eles e capazes de enfrentar a verdade de uma só vez. O governo pede para que a gente se prepare para retornar mas para mim a cidade de Namie será destruída"

Hidemasa e Michiko Otaki estão em sua antiga barbearia em Tomioka, cidade violentamente afetada pelo tsunami e evacuada após o desastre nuclear. Ela praticou a mesma profissão por 40 anos "Eu tinha acabado de finalizar um corte quando o terremoto aconteceu. Após o acidente nós vivemos de abrigo em abrigo, Eu comecei a cortar o cabelo de outros refugiados. Um dia, eu estava falando com um deles e ele me contou sobre uma casa há 40km da usina que estava vaga. É lá que tenho vivido nos últimos dois anos"

Yasushi Ishizuka aparece aqui em um cassino localizado na cidade de Tomioka. O prédio foi extremamente afetado pelo terremoto e está fechado desde então

Kazuhiro Onuki está em sua antiga casa em Tomioka. Antes do acidente ele gerenciava uma livraria e uma loja de cerâmicas. Ele foi roubado diversas vezes em decorrência do acidente e todas as suas posses de valor desapareceram. Atualmente ele participa de conferências onde compartilha com o público sua experiência com o desastre. Embora Kazuhiro retorne de vez em quando para limpar sua residência ele não pretende retornar para morar lá

Não vou negar que foi bem difícil para mim escrever sobre este tema, até porque quando fazemos um blog em homenagem á um país queremos apenas compartilhar as coisas boas, mas um desastre desta magnitude não pode ser ignorado. Este tópico até hoje está marcado com ferro quente no coração de todos os japoneses, desde os que foram diretamente afetados até aqueles que moram em outros países

Quando vemos uma notícia de um desastre na TV a gente tende a ver os milhares de pessoas afetadas como números, e isso embora seja natural é insensível de certa forma. Por esse motivo as fotos mostradas no post de hoje cumprem uma função muito importante : A de mostrar de perto o sofrimento das pessoas afetadas, bem como o fato de que cada vítima é única e possui uma história por trás de seu rosto triste

Me emocionou muito ver como diversos países se mobilizaram para ajudar o Japão após o ocorrido, prova de como este país é respeitado e querido por muitos. Um bonito exemplo foi a banda Black Eyed Peas, que doou o dinheiro arrecadado com a música Just Can't Get Enough ,gravada em Tóquio poucos dias antes do desastre, para o governo japonês ajudar as vítimas

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